Beira Rio (São Salvador do Tocantins - Tocantis) Whatsaap: 63 98424-4286
Prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira, nega vazamento de decisões após ser alvo de operação da PF: 'Sou fonte de muita gente'
30/05/2025
(Foto: Reprodução) Polícia Federal realizou 9ª fase da Operação Sisamnes, nesta sexta-feira (30). Foram realizadas buscas na casa e gabinete de Eduardo, além da unidade penal de Palmas. Operação da PF cumpre mandados de busca na casa do prefeito de Palmas
O prefeito Eduardo Siqueira (Podemos) foi alvo de buscas da 9ª fase da Operação Sisamnes, realizada pela Polícia Federal nesta sexta-feira (30). A investigação aponta que ele supostamente teria vazado informações sobre investigações e operações do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Durante a manhã foram realizadas buscas na casa e gabinete de Eduardo, além da unidade penal de Palmas. O advogado Michelangelo Cervi Corsetti, de Brasília (DF), que trabalha para Eduardo, também foi alvo de mandado.
Durante coletiva em seu gabinete, em Palmas, o prefeito afirmou que sabe do que se trata a investigação, mas negou que tenha vazado informações sigilosas.
“Eu sou fonte de muita gente. Acho que vocês sabem o tanto que sei ou não sei, eu só sei o que dizem por aí. Eu não tenho nenhuma informação privilegiada. Estou aqui para responder em relação suposto vazamento de informação perante o STJ. Eu não tenho fonte no STJ, não é meu papel. Eu indiquei um advogado [para Thiago Barbosa], e esse advogado foi constituído e teve acesso aos autos", afirmou.
Conforme apurado pela GloboNews, o prefeito supostamente soube, antecipadamente, de uma operação realizada no Tocantins em 2024.
"Sei qual é a razão. Já antecipo que isso não envolve gestão de governos passados, mandato de senador, deputado, secretário, mandato de prefeito. Restringe-se a uma questão denominada, não é nem compra de sentença, não é o caso, mas de vazamento de informação. Eu até imagino quais são as razões", afirmou.
Além desta suspeita sobre o vazamento de informações sigilosas ligada a Eduardo, esta fase da operação Sisamnes no Tocantins também apura se o advogado Thiago Marcos Barbosa, preso em março de 2025, recebeu “privilégios ilegais” dentro da prisão.
Thiago é sobrinho do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos). Ele foi preso suspeito de vazar informações sobre operações judiciais, inclusive para o tio – que não é investigado na operação.
O advogado de Thiago Barbosa informou à TV Anhanguera que não vai se posicionar, pois não teve acesso integral ao processo, mas afirmou desconhecer qualquer privilégio ao cliente na prisão.
A Secretaria de Cidadania e Justiça do Tocantins afirma que Thiago Marcos Barbosa cumpre medida preventiva em uma cela comum, em um dos pavilhões, dividindo cela com outros 29 presos. Afirmou que as visitas familiares ocorrem uma vez por semana, mas os advogados têm prerrogativa para realizarem visitas assistidas sempre que necessário (veja nota completa abaixo).
O governador Wanderlei Barbosa reforçou que não é investigado, não foi citado no processo e não recebeu informação privilegiada (veja a nota completa abaixo).
A defesa de Michelangelo Cervi Corsetti afirmou que não teve acesso aos autos, o que impede qualquer manifestação mais aprofundada, mas que ele nunca acessou ilegalmente informações processuais sigilosas, tampouco repassou qualquer dado a terceiros (veja nota abaixo).
A prefeitura de Palmas também foi procurada, mas não se manifestou.
Prefeito Eduardo Siqueira Campos (Podemos) comenta Operação Sisamnes em coletiva de imprensa
Stefani Cavalcante/g1 Tocantins
Relação entre Eduardo e Thiago Barbosa
Durante coletiva, Eduardo Siqueira afirmou que conhece Thiago Barbosa e tem uma relação de "afeto", e, após saber da investigação contra ele, indicou um advogado que acessou o processo.
"Michelangelo Corsetti é meu advogado há mais de dez anos, em mais de dez processos. Quando decorreu a situação do Thiago, ele buscou, como nós sempre conversamos, e ele o constituiu, tá lá nos autos. E é isso. No mais, quem aqui nunca disse: essa semana vai ter operação, estão investigando alguém, estão investigando a Assembleia. Isso tudo é dito por todo mundo. O que eu fiz, foi fazer por uma pessoa, que após partida da mãe tenho um afeto muito grande. O Michelangelo acessou o processo dele, teve acesso aos autos", afirmou.
LEIA MAIS
Advogado sobrinho do governador do Tocantins é preso em operação que investiga vazamento de informações judiciais
PF cumpre novos mandados em operação que investiga vazamento de informações judiciais
Diálogos apontam envolvimento de Eduardo
A repórter Daniela Lima, da GloboNews, teve acesso a diálogos captados pela Polícia Federal envolvendo o prefeito de Palmas. Segundo publicado, Eduardo tinha conhecimento detalhado de um processo em curso no STJ e afirmava ter uma fonte dentro do Tribunal, que recebia pagamentos para repassar informações.
Um dos trechos indicados dá detalhes sobre uma investigação contra Thiago Marcos Barbosa, sobrinho do governador do Tocantins. O prefeito relata ter "um amigo em Brasília" e antecipa a realização de uma operação da PF no estado.
A PF chegou a pedir o afastamento de Eduardo Siqueira, mas o pedido foi negado, sendo decretado o recolhimento de seu passaporte e a realização das buscas.
Entenda a investigação no Tocantins
A investigação envolvendo os políticos do Tocantins está inserida em um grande inquérito que corre no Supremo Tribunal Federal, sob relatoria do ministro Cristiano Zanin. A Operação Sisamnes investiga crimes de obstrução de justiça, violação do sigilo funcional, corrupção ativa e passiva.
Conforme a PF, foi identificada uma rede clandestina de monitoramento, comércio e repasse de informações sigilosas sobre o andamento de investigações sensíveis supervisionadas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). O vazamento das informações acabava frustrando o andamento de operações policiais.
📱 Participe do canal do g1 TO no WhatsApp e receba as notícias no celular.
Integra das notas da Secretaria de Cidadania e Justiça e do governador do Tocantins
A defesa do Governador Wanderlei Barbosa esclarece que desde o dia 15 de abril de 2024 o Governador já havia sido formalmente habilitado no inquérito da FAMES-19 junto a seus advogados, tendo, desde a referida data, acesso regular ao processo por meio dos trâmites legais.
Dessa forma, não houve qualquer recebimento de informação privilegiada uma vez que a conversa mencionada na investigação da Operação Sisamnes, encontrada no WhatsApp dos suspeitos, data de 28 de junho de 2024, quase três meses após a data em que a defesa do governador possuía acesso integral ao processo.
Destacamos que o Governador Wanderlei Barbosa não é alvo da investigação e nem foi citado no processo. Eventuais desdobramentos são de exclusiva responsabilidade dos investigados, não cabendo qualquer tentativa de vinculação ao governador por atos individuais de terceiros.
Com relação às condições da prisão de Thiago
A Secretaria de Estado da Cidadania e Justiça, por meio da Superintendência de Administração dos Sistemas Penitenciário e Prisional, informa que Thiago Marcos Barbosa encontra-se cumprindo medida preventiva em uma cela comum, em um dos pavilhões. O interno divide cela com mais um custodiado, e no pavilhão, encontram-se mais 29 reeducandos.
Quanto às visitas de familiares informamos que ocorrem uma vez por semana, assim como acontece com os demais detentos. No entanto, os advogados dos custodiados têm prerrogativas para realizarem visitas assistidas sempre que julgarem necessário, podendo ser, inclusive, diariamente, assim como garantido a todos os demais.
A Seciju colaborou com todas as informações necessárias durante operação e revista realizadas nesta sexta-feira, 30, que não constatou nenhuma irregularidade relacionada a privilégios.
A defesa do Governador reitera sua confiança nas instituições e no devido processo legal, assegurando o direito constitucional ao contraditório e à ampla defesa.
Nota da defesa de Michelangelo Cervi Corsetti
A defesa de Michelangelo Cervi Corsetti ainda não obteve acesso aos autos, o que impede qualquer manifestação mais aprofundada. De todo modo, atesta-se inequivocamente que Michelangelo Corsetti nunca acessou ilegalmente informações processuais sigilosas, tampouco repassou qualquer dado a terceiros. Sua atuação ocorreu nos estritos limites éticos da advocacia e decorreu diretamente de instrumento de procuração outorgado por pessoa investigada. Michelangelo Corsetti se encontra à disposição da Justiça e disposto a prestar todos os esclarecimentos necessários.
Veja mais notícias da região no g1 Tocantins.